De vez em quando recebo e-mails sobre concursos fotográficos para amadores como aqui a je. Uns mais restritivos, outros mais abrangentes, uns que se repetem anualmente, outros inéditos, com prémios, sem prémios, há de tudo. O último que me chegou chama-se “culturas da minha rua” e é um concurso europeu que procura a captação de momentos pluriculturais no local onde vivemos - que é uma coisa muito em voga, isto das culturas misturadas. Não sei se a intenção é que a fotografia mostre situações interculturais, ou se as pessoas podem estar simplesmente de costas voltadas uma para a outra. O curioso é que, se lermos com atenção os regulamentos, na parte onde diz “requisitos de participação” encontramos: “os participantes devem provar que os indivíduos mostrados nas fotos inscritas concordaram em ser fotografados para este fim”. Para tal, os referidos indivíduos devem assinar um papel onde afirmam “I, the undersigned … hereby declare that I posed voluntarily for …”. Ora não me digam que isto faz sentido. O que é suposto fazer? Pôr o qué-frou, o chinês da loja da esquina e o preto que mendiga no jardim todos em filinha-pirilau e tirar uma fotografia? Ou dar uma nota de cinco a cada um e perguntar se o amigo não se importa de apertar a mão a esse companheiro? Ou pegue ao colo na menina, vá, que é de leste e não tem muito que comer?!
Eu gostaria de ver o resultado de um concurso que tivesse captado realidades. E as realidades a sério, aquelas que não são fruto da criatividade de cada um, tendem a ser espontâneas. Ou não?
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1 comentário:
Ja tinha ouvido falar nesse tipo de requisitos. Abstruso sem qualquer duvida.
Mas o regime de liberdades e garantias dos cidadãos tem as suas coisas boas e as suas coisas más.
E a imagem de cada um é propriedade de cada qual.
Viva o desenvolvimento social!
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