06/10/08

flutuando

Já não escrevo para mim. O tempo vai passando e as teclas batem para outros, alheios que são (e porquê?), forasteiros em meus meandros. Olhos de fora (e porquê?). O que sobeja de mim nestas linhas não faz jus ao agora. Este momento de hoje. Recordo, a propósito de nada, uma igrejinha em Megéve, em noite fria e com cheiro a lume. Todos cantavam, apeteceu-me ficar dentro. Talvez pela primeira vez. Recordo a tarde no pão-com-chouriço em Mafra. A água a pingar do céu cinzento, a subir-nos pelas calças compridas demais – arrastando –, a desagradar. A falta de abrigo para comer e as mãos geladas a retirar o chouriço do pão. Outras mãos geladas dizendo “eu quero!”. Recordo coisas de que já nem me lembro (mas afinal porquê?).