17/07/07

baixos e altos


Não gosto de hospitais. Esmagam-me, à entrada, pelo cheiro. Depois é o som que os ténis vão deixando nos corredores. Por leve que o assunto possa ser, acabo por chegar ao quarto de quem visito já com uma sensação estranha no peito. A consciência da dor, talvez.

Médicos, nunca chego a vê-los. As enfermeiras parecem-me autómatos. Corre a cortina, pega no tubo, roda a torneira, muda o saco, injecta a droga, roda a torneira, deita fora o lixo, olha o soro, corre a cortina. Chegam e partem, invisíveis como todos os fantasmas.

Sei que me engano. Os hospitais são casas de sarar em que todos trabalham pelo bem-estar das pessoas e é graças a estes lugares que se devolvem vidas. Eu sei. Mas, assim que entro, é como se não soubesse.

Ao regressar da twilight zone tenho dificuldade em normalizar, a ansiedade instalada oficialmente debaixo da pele. Mas então toco à porta do destino seguinte e sou recebida por uma criatura de cinco anos que se espreme numa posição ninja e me lança no seu timbre mais tenebroso: Queles andale à fight, cala cú?

E o sentido das coisas perde um bocado a importância.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hoje na minha enésima ida ao HPV, constatei que os meus sapatos com sola de borracha, fazem um cagarim do caraças naqueles corredores com chão a imitar mármore.
Nas outras visitas não tinha notado,devendo-se tal facto ao grau de preocupação que transportava.
Na verdade o barulho produzido é horrivel.
À minha krida S. e a todos os doentes internados aqui ficam as minhas desculpas,com a promessa que quando frequentar estes sitios não ponho sapatos ruidosos.
Aliás hoje já lá fui com sapatinhos com sola de couro...e resulta.
Fica aqui o conselho a todos os profissionais da saúde e demais utentes destes serviços,usem sapatos SILENCIOSOS, é que já é suficientemente mau estar ali,e nestes casos o silêncio é mesmo ouro.

sara disse...

és mesmo mesmo krido... :)