06/06/07

daquilo que não se diz

Em tudo o que fazemos há aquilo que fica por dizer. Um bom dia de que se desiste à última da hora, mesmo ao cruzar alguém vagamente familiar na rua, um pensamento crú demais para que o seu verbo não doa, uma chamada de atenção deixada passar incólume ao amigo distraído, uma confissão enrascada que se evita, ou aquela palavra de conforto que simplesmente falha, à velhota que procura, de olhos perdidos, uma farmácia aberta.

Não é preciso ser-se iluminado para perceber que se cala muito mais do que se diz. As palavras são apenas a ponta do icebergue que erguemos para o mundo e através da qual esperamos que ele nos entenda. O silêncio, se calhar, é mais expressivo. É que pelo menos esse é nosso.

6 comentários:

Anónimo disse...

fazemos sempre o que nos é mais fácil ou mais cómodo. Aos tontos sai-lhes tudo pela boca fora, mas nem sempre de um modo inocente. A voz do povo voz de Deus cheira-me a trafulhice. Em principio, há muito que tenho tentado a abandonar a chamada "palavra amiga", tentando entregar como alternativa pequenas somas em dinheiro, a casos que se afiguram graves. Curiosamente o pessoal prefere a palavra a tal chamada "amiga" e recorrer depois ao apoio do estado social, o que me parece estulto. O silencio não é de ouro mas evita-nos certamente alguns problemas.
roy rogers

SemNexo disse...

O silêncio evita problemas mas raramente os resolve! As somas de dinheiro tentam resolver, mas são efémeras... Um bom diálogo, uma palavra na altura certa, resolvem mais do que magoam. Façamos um exercício: se todos dissessem tudo: um dia magoavam alguém, mas esse alguém teria uma palavra amiga à sua espera e assim seguiria a corrente... havia um equilibrio. O solêncio é um falso equilibrio. se ninguém disser nada, nunca se experiencia o bom da palavra, mas o mau continua cá dentro.

sara disse...

Se estivesses de acordo é que era de estranhar!

As palavras são boas e más, o silêncio é bom e mau. Mas mentiroso nunca é. Portanto, em vez de passarmos a vida a inventar palavras para ocupar "espaço", podiamos calar-nos um bocado e comunicar de outra maneira. Pessoalmente cansa-me ter que falar o tempo todo...

Anónimo disse...

sair-nos tudo pela boca fora tornaria o mundo num inferno, ainda para mais irrecuperável. O que sentimos, por mais verdade que seja pode ferir e muito outro que não nós, para além de que ninguém é obrigado a ouvir-nos. O simples e estupido "perguntar não ofende" leva-me a pegar num pau. Responder com total honestidade é outra coisa, mas para se responder, é fundamental que alguem 1º pergunte.

dale evans

sara disse...

Bem dito, dale evans. E 100% de acordo quanto ao "perguntar não ofende"... Perguntar pode ofender. Que mania irritante têm as pessoas de adoptar frases feitas.

É favor pensar antes de falar, que essa história da sinceridade obrigar a verbalizar tudo o que passe pelo neurónio é quase como sair por aí aos tiros. Magoa e é escusado.

Semnexo, eu não sugiro um silêncio absoluto. Só que nos calemos mais vezes...

Anónimo disse...

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PS - espero q compreendas o meu silêncio :D

JD